Samba e Natureza: as polissêmicas noções de Natureza nos sambas de enredo das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (1972 a 2025)

Resumo

A chamada policrise contemporânea, que tem na emergência climática seu corolário, ecoa múltiplas articulações que envolvem dimensões econômicas, sociais, políticas, ambientais, éticas e simbólicas afetando diretamente, mas em níveis e de modos distintos, a todos os habitantes da "nave comum", na metáfora de Edgar Morin. É considerado incontornável seu enfrentamento, dado que é cada vez mais imperioso e igualmente irrevogável para a humanidade a busca pelo porvir. A partir dessas premissas, o presente artigo objetiva identificar as múltiplas noções de Natureza presentes nos sambas de enredo das Escolas de Samba do Grupo Especial, no Rio de Janeiro, entre 1972 e 2025, buscando interpretar as polissemias envolvidas nesse contexto. Para tal, o percurso metodológico partiu de pesquisas bibliográfica e documental, resultando em seis temas que orientaram essa análise. Tendo em vista que arte e cultura simbolizam processos de produção de subjetividades fundamentais, os sambas de enredo do Carnaval do Rio de Janeiro, como manifestação ancestral afrodiaspórica, emergem como possibilidades para apontar caminhos de reconexão na relação sociedade-natureza-cultura.