Ir para o menu de navegação principal Ir para o conteúdo principal Ir para o rodapé

Cidade-laboratório: o processo de modernização carioca em chanchadas de Watson Macedo entre 1948 e 1961

Resumo

A capitalidade carioca foi construída sobre diversos alicerces, estando a monumentalidade da paisagem natural e os processos de modernização entre os mais significativos. Um laboratório para a experimentação de novidades, o Rio de Janeiro foi cidade pioneira na implantação de projetos e de sociabilidades modernas. Esse artigo apresenta o modo como as chanchadas do diretor Watson Macedo representaram e debateram o processo de modernização carioca. Ao lado de ícones urbanos tradicionais, tais como Copacabana, Corcovado e Pão de Açúcar, os cenários e os enredos de seus filmes enfatizavam a verticalização da cidade e chamavam a atenção para a abertura de túneis e avenidas. Embora, na maior parte das vezes, a proposta fosse celebrar a urbe, também havia lugar para uma visada cômico-crítica a respeito de problemas infraestruturais, como a falta de abastecimento de água e o crescimento desordenado. Neste âmbito, as favelas cumprem um papel central, pois, apesar de surgirem nos filmes como centros geradores de cultura popular e negra, também abrem espaço para um debate sobre exclusão social, sobretudo no fim do período abordado.

Palavras-chave

Rio de Janeiro, modernização, Watson Macedo

PDF

Biografia do Autor

Carlos Eduardo Pinto de Pinto

Professor Associado de História do Brasil Republicano, Professor Permanente do PPGH-UERJ, Departamento de História – IFCH - UERJ.


Referências

  1. ALTMANN, Eliska. O Rio capital imaginado pela crítica cinematográfica: os casos de Rio Fantasia e Rio, 40 graus. Caderno CRH, Salvador, vol. 30, n. 81, pp. 579-595, set/dez, 2017. DOI: https://doi.org/10.9771/ccrh.v30i81.19987
  2. AMANCIO, Tunico. O Brasil dos gringos: imagens no cinema. Niterói, RJ: Intertexto, 2000.
  3. AMOROSO, Mauro. Nunca é tarde para ser feliz? As imagens da favela pelas lentes do Correio da Manhã. Curitiba: Editora CRV, 2011. DOI: https://doi.org/10.24824/978858042152.1
  4. ARGAN, Giulio Carlo. História da arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
  5. AUGUSTO, Sérgio. Este mundo é um pandeiro: a chanchada de Getúlio a JK. São Paulo: Cinemateca Brasileira/Cia. das Letras, 1989.
  6. BACZKO, Bronislaw. Imaginação social. Enciclopédia Einaudi, s. 1. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, Editora Portuguesa, 1985.
  7. BERGFELDER, Tim; HARRIS, Sue; STREET, Sarah. Film Architecture and the Transnational Imagination. Amsterdam: Amsterdam University Press, 2007. DOI: https://doi.org/10.5117/9789053569801
  8. CAVALCANTI, Lauro (org.). Quando o Brasil era moderno: guia de arquitetura 1928- 1960. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2001.
  9. . Moderno e brasileiro: a história de uma nova linguagem na arquitetura (1930- 1960). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2006.
  10. CHIAVARI, Maria Pace. Os ícones na paisagem do Rio de Janeiro: um reencontro com a própria identidade. In: MARTINS, Carlos (org.) A paisagem carioca. Rio de Janeiro: Museu de Arte Moderna do Rioo de Janeiro/Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 2000.
  11. DIAS Jr., Jocimar Soares. Notas sobre a frescura, o trabalho bicha e a fanchonice em É fogo na roupa! (Watson Macedo, 1953). REBECA – Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual, São Paulo, vol. 9, nº 1, pp. 45-66, jul/dez, 2020. DOI: https://doi.org/10.22475/rebeca.v9n2.701
  12. . Este Mundo é uma frescura!: leituras frescas das chanchadas de Watson Macedo (Tese de doutorado). Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2022.
  13. ENDERS, Armelle. A história do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Gryphus, 2009.
  14. FREIRE-MEDEIROS, Bianca. O Rio de Janeiro que Hollywood inventou. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
  15. FREIRE, Rafael de Luna. Descascando o abacaxi carnavalesco da chanchada: a invenção de um gênero cinematográfico nacional. Revista Contracampo, Niterói/RJ, n. 23, p. 66- 85, jul/dez, 2011. DOI: https://doi.org/10.22409/contracampo.v0i23.146
  16. ; FREIRE, Letícia de Luna. As favelas cariocas nas chanchadas: de berço do samba a problema público. Comunicação, Mídia e Consumo, São Paulo, v. 15, n. 43, p. 276-301, mai/ago, 2018. DOI: https://doi.org/10.18568/cmc.v15i43.1654
  17. GAUDREAULT, André; JOST, François. A narrativa cinematográfica. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2009.
  18. GAY, Peter. Modernismo: o fascínio da heresia. De Baudelaire a Beckett e mais um pouco. São Paulo: Companhia da Letras, 2009.
  19. GONÇALVES, Rafael Soares. Da aldeia do mal ao risco ambiental: breves apontamentos para uma história concisa das favelas cariocas. In: SECRETARIA Municipal de Educação. Rio de Janeiro: histórias concisas de uma cidade de 450 anos. Rio de Janeiro: SME, 2015.
  20. GUIMARÃES, Valéria Lima. O PCB cai no samba: os comunistas e a cultura popular (1945-1950). Rio de Janeiro: Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 2009.
  21. HIRANO, Luis Felipe Kojima. Uma interpretação do cinema brasileiro através de Grande Otelo: raça, corpo e gênero em sua performance cinematográfica (1917-1993). 2013. 452 f. Tese (doutorado em Antropologia) - Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo. 2013.
  22. KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.
  23. KORNIS, Mônica Almeida. História e Cinema, um debate metodológico. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, pp. 237-250, 1992.
  24. LOBO, Júlio César. Estereotipando nordestinos: representações de uma identidade cultural na chanchada carioca de 1952-1961. Revista de Audiovisual Sala 206, n. 3, pp. 1-13, jul/dez, 2013.
  25. LUZ, Rogerio. Filme e subjetividade. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2002.
  26. MOTTA, Marly Silva da. Saudades da Guanabara: o campo político da cidade do Rio de Janeiro (1960-75). Rio de Janeiro: Editora FGV, 2000.
  27. . Rio, cidade-capital. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
  28. ODIN, Roger. A questão do público: uma abordagem semiopragmática. In: RAMOS, Fernão (org.). Teoria contemporânea do cinema, vol. II. São Paulo: Editora Senac, 2005.
  29. O’DONNELL, Julia. A invenção de Copacabana: culturas urbanas e estilos de vida no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
  30. OLIVEIRA, Jane Souto de; MARCIER, Maria Hortense. “A palavra é: favela”. In: ZALUAR, Alba; ALVITO, Marcos (org.). Um século de favela. Rio de Janeiro: FGV, 2006.
  31. OLIVEIRA, Lúcia Lippi. Cultura urbana no Rio de Janeiro. In: FERREIRA, Marieta de Moraes (org). Rio de Janeiro: uma cidade na História. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2000.
  32. OLIVEIRA, Samuel Silva Rodrigues de. A “Batalha do Rio” e a representação da “favela”. XIV Encontro Regional de História da ANPUH-Rio: Memória e Patrimônio, 2010, Rio de Janeiro, Anais do XIV Encontro Regional de História da ANPUH-RJ. Rio de Janeiro: NUMEM, 2010.
  33. PAULA NETO, Oscar José de. Descascando abacaxis: a dissintonia entre a crítica e as chanchadas brasileiras na hegemonia de uma cultura cinematográfica na década de 1950. Dissertação (Mestrado em História). Rio de Janeiro: UERJ, 2016.
  34. PEREZ, Maurício Dominguez. Lacerda na Guanabara: a reconstrução do Rio de Janeiro nos anos 1960. Rio de Janeiro: Odisseia Editorial, 2007.
  35. PINTO, Carlos Eduardo Pinto de. Imaginar a cidade real: o Cinema Novo e a representação da modernidade urbana carioca (1955-1970). 2013. 344 f. Tese (doutorado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói. 2013.
  36. . “Rio, 40 graus: A disputa pela imagem da capital do Brasil nos anos dourados”.
  37. Acervo, v. 28, n. 1, p. 120-131, 2015. DOI: https://doi.org/10.64729/an.acervo.v28i1.594
  38. . “O Rio saúda São Paulo: Representações da capitalidade em O petróleo é nosso! (Watson Macedo, 1954)”. In: Moura, B. S. et al. (org.). Anais da XIII Semana de História Política da UERJ. Rio de Janeiro: UERJ/PPGH, 2017. p. 474-484.
  39. Refrações da Embaixatriz do samba: Carmen Miranda em chanchadas brasileiras dos anos 1950. In: MAIA, Andréa Casa Nova (org.) Recortes do feminino: cristais de memória e história das mulheres nos arquivos do tempo. Rio de Janeiro: Telha, 2020.
  40. MAGER, Juliana Muylaert. A capitalidade em disputa: o Festival Cinematográfico do Distrito Federal e outros festivais no Brasil dos anos 1950. São Paulo: Editora Letra e Voz, 2022.
  41. RAMOS, Alcides Freire. Historiografia do cinema brasileiro diante das fronteiras entre o trágico e o cômico: redescobrindo a “chanchada”. Fênix: revista de história e estudos culturais, vol. 2, n. 4, pp. 1-15, out/dez, 2005.
  42. SAVAGE, Jon. A criação da juventude. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. SEGAWA, Hugo. Arquitetura no Brasil: 1900-1990. São Paulo: Edusp, 2018.
  43. SOUZA, André Pereira de. Cidades reais e imaginárias no cinema. In: Arquitextos, n.º
  44. 58. mar 2005. Disponível em:
  45. <http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp287.asp> Acesso em: 21 jan. 2025.
  46. STAM, Robert. Introdução à teoria do cinema. Campinas, SP: Papirus, 2003.
  47. VALLADARES, Lícia do Prado. A invenção da favela: do mito de origem à favela. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.
  48. VIEIRA, João Luiz. Chanchada. In: RAMOS, Fernão; MIRANDA, Luiz. Felipe (org.)
  49. Enciclopédia do cinema brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Editora Senac, 2004.
  50. . A chanchada e o cinema carioca (1930-1955). In: RAMOS, Fernão; SCHVARZMAN, Sheila (org.) Nova história do cinema brasileiro, v. 1. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2018.
  51. VIENNE, Patrick. You are here: la ville en plan d’ensemble dans le cinéma américain contemporain. In: BARILLET, Julie et al. La ville au cinéma. Artois, France: Artois Presses Université, 2005.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.