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Favela como Categoria: uma Leitura Histórica e Social do Imaginário Carioca

Resumo

Este artigo investiga a construção histórica e social da categoria “favela” no Rio de Janeiro entre as décadas de 1940 e 1960, período marcado pela consolidação dos estigmas urbanos e pela emergência de movimentos de resistência popular. A partir de uma abordagem interdisciplinar, que articula sociologia, urbanismo e historiografia, analisamos como a favela foi forjada como categoria política, jurídica e simbólica, associada à marginalidade e à informalidade. O estudo revisita crônicas, documentos oficiais, reportagens e pesquisas acadêmicas para compreender os discursos que moldaram o imaginário carioca sobre esses territórios. Ao mesmo tempo, evidencia-se o protagonismo dos moradores na luta por permanência, infraestrutura e reconhecimento, revelando a favela como espaço de produção de cultura, identidade e direito à cidade. A análise propõe uma leitura crítica que desafia as narrativas homogêneas e destaca a importância de uma história social das favelas, sensível às singularidades de cada localidade.

Palavras-chave

Favela, História social, Imaginário urbano, Estigma, Direito à cidade, Rio de Janeiro

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Biografia do Autor

Emmanuelle Torres Costa

Doutoranda em História Social na Universidade Federal Fluminense (UFF), mestra em História Social da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Especialista em Cidades, Políticas Urbanas e Movimentos Sociais pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Regional e Urbano, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisadora do Dicionário de Favelas Marielle Franco, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz. Coordenadora local no projeto Favelas e periferias pelo direito à vida, da Cooperação Social da Presidência da Fiocruz. Educadora popular no pré-vestibular do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré, localizado no Morro do Timbau, Maré.


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