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A construção da memória sobre Sete Coroas, um dos “criminosos” mais famosos da Primeira República

Resumo

Este trabalho tem como objetivo analisar a construção da memória sobre Sete Coroas, um “criminoso” que ganhou fama no início da década de 1920 na cidade do Rio de Janeiro e se tornou um dos mais notórios “desviantes” do período da Primeira República. Tendo se destacado inicialmente na grande imprensa por conta de seus roubos e enfrentamentos com a polícia, a sua figura inspirou sambas, revistas musicais, crônicas e escritos folcloristas. A hipótese trabalhada é a de que a grande imprensa tentou, de forma sistemática, apagar a fama de “valente” de Sete Coroas após uma de suas detenções, por meio da deslegitimação de seus feitos e do emprego de argumentos ad hominem. No entanto, outras fontes permitem a identificação de um conflito de memórias, uma vez que elementos da tradição oral mantinham ativa a sua imagem de “malandro” temido entre as camadas populares da então capital federal. Morador do Morro da Favela, considerado o território das “classes perigosas” no Rio, a localidade contribuía para a notoriedade de Sete Coroas, ao mesmo tempo que era estigmatizada em razão de tal associação nos meios de comunicação e na música popular da época.

Palavras-chave

Primeira República, Rio de Janeiro, Crimes

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Biografia do Autor

Romulo Costa Mattos

Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor do Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.


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