Ecos de um Vagalume: a cidade do Rio de Janeiro na crônica urbana de Francisco Guimarães (1904- 1933)
Resumo
O objetivo deste artigo é refletir sobre as representações do espaço urbano carioca na primeira metade do século XX através da obra de Francisco Guimarães, o Vagalume. Refletindo a hipótese que seus escritos constituem documento especial para uma geografia histórica mais ampla do que a visão construída da cidade do Rio de Janeiro na crônica especializada. Em meio ao cenário letrado da Primeira República ainda enfeitiçado por um cosmopolitismo de modelo europeu, Vagalume valorizou as práticas culturais do seu meio racial e social como raro homem negro nas redações das folhas cariocas. Vale destacar que uma fração deste trabalho surge da pesquisa para o enredo “Ecos de um Vagalume” apresentado como tema do desfile de 2025 da Escola de Samba Acadêmicos de Vigário Geral, agremiação da Série Ouro do carnaval carioca. O texto parte de uma metodologia qualitativa com revisão bibliográfica sobre a obra do autor, além da revisão documental da última edição do livro Na roda do Samba (2023), do próprio jornalista, das crônicas compiladas e publicadas no livro Ecos Noturnos (2018) e da série de reportagens denominada “Mistérios da Mandinga” de Vagalume para o jornal Crítica em 1929.
Palavras-chave
Vagalume, Francisco Guimarães, Rio de Janeiro
Biografia do Autor
Guilherme Chalo
Geógrafo, doutorando em Planejamento Urbano e Regional (IPPUR-UFRJ), Professor de Geografia (UERJ-FEBF).
Caio Cidrini
Bacharel em Comunicação Social (PUC-Rio), Carnavalesco da Acadêmicos de Vigário Geral (Série Ouro-RJ).
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