Aspectos da escravidão urbana na cidade do Rio de Janeiro oitocentista: trabalho, cotidiano e resistência na pena de Maria Graham
Resumo
A escritora inglesa Maria Graham (1785-1842) esteve no Brasil por três vezes, entre os anos de 1821 e 1825, tendo percorrido as províncias de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Na Corte de D. Pedro I, Maria Graham estabeleceu residência e registrou, no Diário de uma Viagem ao Brasil (1956) e no Escorço Biográfico de D. Pedro I (1997), o retrato social, étnico, cultural e paisagístico de um Brasil desigual e escravista que, em meio a revoltas e rebeliões, passava por um turbulento processo de independência. Atenta observadora do cotidiano urbano carioca, a inglesa documentou a pluralidade das representações e resistências dos africanos cativos — homens e mulheres — na cidade e em seus arredores. Nesse sentido, as narrativas de Maria Graham sobre o tema, analisadas no presente artigo, revelam um panorama de grande relevância para a investigação histórica contemporânea, dando a conhecer certos aspectos notáveis da movimentada rotina dos escravizados de ganho e da comunidade quilombola do Vale das Laranjeiras. Essas narrativas destacam particularidades das estratégias de sobrevivência e de busca de autonomia das populações cativas no Brasil das primeiras décadas do século XIX.
Palavras-chave
Maria Graham, Rio de Janeiro, Escravidão
Biografia do Autor
Denise G. Porto
Doutora e Mestre em História pelo PPGH da Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO, e licenciada em História pela Universidade Estácio de Sá – UNESA. Membro titular do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro – IHGRJ e do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói - IHGN.
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