De Real a Florestal, e até no carnaval: as narrativas do Horto e os sonhos, aspirações e conflitos de seus habitantes encarnados na paisagem e no lugar

Resumo

De Real a Florestal, a localidade do Horto existe há séculos no Rio de Janeiro. Há décadas moradores mais antigos sofrem ameaças recorrentes de remoção influenciando suas vidas e, por conseguinte, impactando decisivamente suas relações com os demais habitantes da cidade e com o espaço geográfico. Seus dramas e conflitos, bem como desejos, sonhos e aspirações, podem ser percebidos em narrativas que resgatam o passado diante de questões que surgem no presente, ao passo que o futuro é vislumbrado por frestas repletas de incertezas e sonhos. Este trabalho percorre os caminhos e desventuras afetivos da geografia desse lugar, apreendendo como as imaginações de seus habitantes e transeuntes vinculam-se às suas interações com o mundo vivido. Ações como a criação de um bloco carnavalesco, assim como apropriação, (re)significação e modificação da paisagem, oportunizam compreender como os habitantes do Horto explicitam as preocupações com a moradia, os desejos de permanecer física e simbolicamente onde estão e os receios de perder o seu lugar no mundo. Paisagem e lugar, conceitos-chave da ciência geográfica, encarnam os sonhos, as aspirações e os conflitos da comunidade do Horto.