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À sombra do cacau: representações sobre trabalho forçado nas ilhas de São Tomé e Príncipe

Resumo

O artigo se propõe explorar fontes menos recorrentes2 que falem das práticas de trabalho forçado nas ilhas de São Tomé e Príncipe (África) – colônias do Império português nessa época. Estabelecendo um diálogo entre essas diversas fontes, procuro descrever algumas ideias sobre trabalho forçado construídas por diversos atores sociais. O diálogo entre fontes escritas e orais é relevante para esboçar um retrato mais complexo da sociedade são-tomense da época colonial e que durante décadas recorreu a uma mão de obra agrícola submetida a diversas práticas de coerção. Entre correspondências administrativas e memórias, inicio neste artigo a reconstrução de uma história do trabalho forçado em São Tomé e Príncipe. Contratados cabo-verdianos, roceiros, agentes da Curadoria Geral e artistas cabo-verdianos são as vozes ouvidas e lidas. O recorte temporal foi definido em função da data de produção dos documentos de fontes escritas e orais, e corresponde às últimas décadas do século XIX até meados do século XX.

Palavras-chave

Representações, trabalho forçado, São Tomé e Príncipe

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Biografia do Autor

Marina Berthet

Doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP) e Professora Adjunta do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF) .


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