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A criação dos cemitérios públicos do Rio de Janeiro enquanto “campos santos” (1798-1851)

Resumo

O presente artigo busca analisar o longo processo que levou à criação dos primeiros cemitérios públicos da cidade do Rio de Janeiro. Procura demonstrar que sua ocorrência se deu diante da confluência de uma série de fatores, que envolveram não só questões higienistas, mas também aspectos políticos, tais como evitar a ocorrência de uma nova “cemiterada”, como em Salvador, e os interesses do provedor da Santa Casa da Misericórdia, José Clemente Pereira. Ao final do processo, o estabelecimento dos cemitérios de São Francisco Xavier, no Caju, e de São João Batista, na Lagoa, em 1851, seria apenas um dos pilares do monopólio que a Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro deteria por mais de meio século sobre o serviço de enterros e os negócios funerários na cidade. A criação e administração das duas necrópoles públicas e extramuros do Rio de Janeiro por uma instituição pia, como a Misericórdia, a sua bênção pela autoridade eclesiástica e a jurisdição católica ratificariam a natureza de campo santo de ambas. Situação que permaneceria por décadas, até o fim do Império.

Palavras-chave

camposanto, cemitérios, higienismo, cemiterada

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Biografia do Autor

Claudia Rodrigues

Doutora em História pela Universidade Federal Fluminense/UFF. Professora do Departamento e Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO.


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