“Tanta chuva e nenhum legume”: alagamentos, política e imprensa em Fortaleza. (1839-1876)
Resumo
Na cidade de Fortaleza, quando a água não escorria, a tinta fluía nos periódicos políticos – os liberais Diário da Assemblea Provincial e O Cearense e os conservadores Dezesseis de Dezembro e Pedro II. Utilizando-se de uma articulação entre história ambiental e história cultural, buscou-se discutir como as enchentes eram dadas a ler e que mecanismos elas acionavam no cotidiano da cidade, bem como a relação entre as obras públicas e os alagamentos. O recorte inicial é 1839, ano da “catastrófica” chuva que provocou muitos estragos em Fortaleza, e o final, o ano de 1876, anterior a “grande seca de 1877”.
Palavras-chave
Fortaleza, imprensa, alagamento
Biografia do Autor
Emy Falcão Maia Neto
Doutorando em História – Universidade Federal do Ceará/UFC. Foi um dos organizadores do livro “Natureza e Cultura: capítulos de história social” (2013) e autor dos artigos “A teima das águas: chuvas, riachos e obras públicas em Fortaleza (1810-1856)” – no livro citado – e “Do banho de chuva e outras danações: sociabilidades nos tempos de meninos em Fortaleza (1890-1940)” – Revista Saeculum (2012).
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